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Presença

Atualizado: 19 de mar. de 2020

Que qualidade é essa da qual tanto se fala em nossos dias? O mundo atual nos convida a estar em tudo… o tempo todo… e compartilhando tudo… com todos! Como é possível “presença”?


Ao olharmos por esse aspecto, parece impossível haver qualquer dificuldade para a tal “presença”, pois somos quase onipresentes com tanta tecnologia e possibilidades de nos transportarmos virtualmente para qualquer lugar do planeta a qualquer momento! E isso é algo maravilhoso!

No entanto, há pessoas adoecendo por “dissiparem-se” tanto! Nunca tivemos tanta facilidade para estarmos junto de quem amamos e nunca estivemos tão distantes destes e de nós mesmos. Informações da OMS — Organização Mundial da Saúde relata que em 2019 no Brasil 18,6 milhões de brasileiros convivem com o transtorno da ansiedade em 2018 foi anunciado que 11, 5 milhões de brasileiros sofrem de depressão, num total de 300 milhões no planeta.


O que acontece conosco hoje e na nossa sociedade de maneira geral?

Em nossa época há pessoas brilhantes, tanto jovens quanto muito experientes, capazes de estarem tão conectadas com as necessidades do mundo da mesma forma que com o seu potencial e talento, que se permitem então, deixar nascer ideias maravilhosas. Muitas delas se transformam em ações de melhorias e inovações nos mais diversos segmentos da vida: nas artes, nos negócios, no desenvolvimento humano, ambiental, econômico, político que reverberam um bem incomensurável para a sociedade. Essas pessoas normalmente alcançam esses feitos em estado de profunda “presença”.


Teoria U — Otto Scharmer
Teoria U — Otto Scharmer

Muito se fala do tema “presencing” sob a óptica de diferentes autores como Otto Scharmer por meio da Teoria U, Rudi Ballreich na mediação de conflitos, Tim Brown no Design Thinking, Jocob L. Moreno em sua prática do psicodrama no qual traz o conceito de empatia como “olhar o outro com os olhos do outro” o que só é possível em estado de presença. Temos outra contribuição sobre o tema, por meio do filósofo austríaco Rudolf Steiner, que nos esclarece sobre as dimensões da alma: pensar, sentir e querer. Essas instâncias atuam em nós, seres humanos, sem nos darmos conta de sua influência sobre os nossos atos no mundo. Estar em estado de presença nos permite o acesso a uma condição de “consciência superior”.


Fora desse estado de equilíbrio que nos leva à qualidade de “presença”, podemos ficar muito “pensativos” por exemplo, e não termos a coragem e a força para fazer acontecer o que queremos ver no mundo. Por outro lado, se nos colocamos muito “sensíveis” e entregues às emoções, podemos permanecer na vivência das polaridades (certo /errado; gosto / não gosto; amo / odeio; quente / frio; etc) sem condições de encontrarmos o “caminho do meio”, que pondera e atua com consciência e sensatez. Sem a “presença” talvez possamos ficar tomados pela ansiedade em ver as questões resolvidas e sairmos agindo em direção ao que se deseja, sem pensar sob diferentes pontos de vista e sem a observância do sentido e impactos de tal ação. Dessa forma, observamos que o sentir é a instância que faz o papel do “mediador” entre o nosso pensar e nosso querer, que posteriormente nos leva à ação. É no nível do sentir que residem os nossos sentimentos e, junto a eles, co-existem as polaridades, como mencionado acima. O nosso desafio é identificarmos quando estamos na polaridade e buscarmos o “equilíbrio”, levando-nos a atuar de maneira equânime e sensível, mas não de forma sentimental e apaixonada. Essa qualidade do sentir, permite um pensar mais claro, desperta uma vontade diferente, que nos leva a ações mais integradas e integradoras. Quando a nossa alma consegue equilibrar essas 3 instâncias — o pensar, o sentir e o querer, há uma sensação de profunda harmonia interior, o que nos possibilita alcançar o tão almejado estado de “presença”. E é nesse lugar que nos apropriamos da vida com leveza, com carinho e com a certeza que tudo o que nos acontece está sendo regido com grande sabedoria, para o nosso aprendizado e desenvolvimento. Apenas precisamos estar “presentes” para viver a riqueza do que está sendo oferecido pela vida! Assim, com muito cuidado, respeito e com o intuito de ampliarmos a nossa visão de mundo, podemos refletir sobre os pontos acima mencionados e nos perguntarmos:


Como podemos observar a qualidade de presença das pessoas nas relações do dia a dia?


Quais as resultantes consequências em permanecer na maior parte do tempo em estado de presença? (pois não parece razoável ao ser humano ficar em presença 100% do tempo!)


E em situação contrária, o que podemos observar no mundo em seus mais diversos ambientes (familiar, social, econômico, organizacional, político…) pela falta de pessoas em estado de presença, com capacidade de pensar, sentir e querer profundamente algo que mobilizem ações coerentes ao atendimento das necessidades do mundo?


O que podemos perceber sobre o estado de consciência da sociedade moderna?


Se abraçarmos essas perguntas e as direcionarmos a nós mesmos, que visão teremos?


Como está a nossa qualidade de presença na relação com o outro ou na relação com o mundo?


O que está fazendo dispersar-nos de nós mesmos?


Quanto tempo passamos conosco mesmos em processos de reflexão e autodesenvolvimento?


Quanto tempo investimos em estar com as pessoas que nos são queridas?


Como resgatar a qualidade de presença que nos permite acessar as nossas qualidades e potencialidades mais nobres e melhorar a nossa qualidade de vida?


O que pode e/ou precisa ser mudado ou transformado em nossas vidas para que possamos viver, isto é, estar presente?


O passado já se foi… o futuro ainda não chegou… e a vida só acontece no presente!

Se você se sentiu incomodado e com a necessidade de mudar algo em sua vida, o que acha de iniciar um processo de transformação interna e aumentar a sua qualidade de presença? Exercícios meditativos normalmente são um caminho muito interessante. Há diferentes tipos de meditação e níveis meditativos. Para quem não é habituado ao exercício meditativo, uma sugestão é iniciar atrelando-o a uma atividade física como caminhada ou corrida, o qual você pode fazer sozinho, colocando-se em estado de reflexão e atenção plena sobre o que acontece em sua mente, em seu coração e em seu corpo. Ao fazer isso diariamente por pelo menos 60 minutos, você começará a ampliar a sua capacidade de percepção interna (seus sentimentos) e externas (fenômenos que acontecem fora de você). Com a percepção ampliada, você poderá agir com mais consciência e presença nas diferentes situações que a vida lhe oferece.


Experimente! Você poderá se surpreender com as novas vivências ampliando a sua qualidade de presença! Bom trabalho!


Pollyana Gaspar


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