Na última semana, na visita ao @tomieohtake, pude tomar ciência do mito de Sísifo, o mortal que queria enganar os deuses. Como punição, Tânatos (a morte) foi enviada até ele por Zeus. Neste encontro, Sísifo astutamente presenteou Tânatos com um colar, que em verdade era uma corrente. Esta façanha o tornou imortal, mas ele não saiu impune e seu duro castigo foi decretado: carregar uma pedra morro acima e, ao chegar no topo, deixá-la rolar até a base, reiniciando o processo e repetindo-o por toda a eternidade.
São múltiplas as reflexões derivadas deste mito, mas gostaria de trazer uma que me toca. Imaginem que condição interna Sísifo precisou desenvolver para desafiar a finitude da vida em seu encontro com a morte. Quais medos precisou lidar neste processo, principalmente na relação desigual com os deuses? De alguma forma, não fazia sentido para Sísifo aceitar a finitude da vida. Sem nos atermos à forma com a qual ele se valeu para enganar a morte, o fato é que algo o levou a questionar seu destino, assim como transformá-lo.
Trazendo para nossa realidade, em que medida estamos normalizando ou até deixando de notar os prejuízos causados por processos estabelecidos como diretrizes formais, mas que não fazem sentido algum serem executadas de tal forma?
Por que nos submetemos a isso? Como não contestamos os pragmatismos impostos em tantos processos? O que falta para desafiarmos estes contextos improdutivos e de sentido vazio?
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